quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ainda Alice

Autor: Lisa Genova
Título original: Still Alice
Editora: Caderno
Páginas: 320
ISBN: 
9789892304014


Sinopse: O mundo de Alice é perfeito. Professora numa conceituada universidade, é feliz com o marido, os filhos, a carreira. E tem uma mente brilhante, admirada por todos, uma mente que não falha… Um dia, porém, a meio de uma conferência, há uma palavra que lhe escapa. É só uma palavra, um brevíssimo lapso. Mas é também um sinal de que o mundo de Alice começa a ruir.
Seguem-se as idas ao médico e, por fim, a certeza de um diagnóstico terrível. Aos poucos, Alice vê a vida a fugir-lhe. Amada pela família, unida à sua volta, é ela que se afasta, suavemente arrastada para o esquecimento, levada pela Alzheimer.
Ainda Alice é a narrativa trágica, dolorosa, de uma descida ao abismo, o retrato de uma mulher indomável, em luta contra as traições da mente, tenazmente agarrada à ideia de si mesma, à memória de uma vida e de um amor imenso. 


Opinião: Lisa Genova é uma neurocientista doutorada em Harvard, o que não confere a este seu primeiro romance um cariz científico. Antes pelo contrário, considero que Ainda Alice, que recebeu o Prémio Brontë 2008, é um relato profundamente comovente acerca de uma doença tão temida e desconhecida como a de Alzheimer.
Está lá tudo: os primeiros sintomas, as primeiras desculpas que desvalorizam as esporádicas perdas de memória, a confrontação com uma realidade que, numa primeira fase, não se quer aceitar, o choque, a desarticulação das rotinas familiares, a revolta e, posteriormente, a aceitação e conformação.

No entanto, Ainda Alice também comporta uma mensagem de esperança, nomeadamente para aqueles que conhecem mais de perto uma doença tão destrutiva como esta. 
É notório ao longo da narrativa que Alice luta contra a perda da sua identidade, pois o que está em causa é a relação entre história e memória (a de cada um), tornando-se evidente que é a capacidade que temos de nos lembrar das pessoas, dos sítios e das múltiplos acontecimentos que vivemos que nos permite ser o que somos e quem somos. 
O que mais gostei neste livro foi o facto de Alice humanizar um fenómeno tão avassalador, perante o qual todos nós sentimos um certo temor - não consigo sequer imaginar (embora o livro tenha esse objectivo) o que sente alguém que de um momento para o outro não sabe onde está, se conhece determinada pessoa com quem viveu durante anos ou o que não se lembra o que acabou de ler há um minuto (ou mesmo segundos) atrás, ou mesmo que leu de todo.

Não é um romance "lamechas". Nada disso! Lisa Genova revelou-se uma escritora muito hábil e transformou um assunto árido numa história acessível a todos. É um alerta, porque Alice não deixou de ser quem era só porque sofria de uma doença neuro-degenerativa; passou a ser, simplesmente, uma pessoa diferente. 
O livro lê-se de uma assentada, se houver tempo para isso.
Classificação: Bom (8/10)

1 comentário:

flicka disse...

Não conhecia esse livro, fiquei bastante interessada, gostava pois de ler esse livro. Tive uma colega cuja mãe tinha essa doença, já se encontrava na fase em que não conseguia vestir, ou seja, já não se lembrava para que servia as calças ou a camisa... é deveras aterrorizador... :-(
Obrigada pela indicação deste livro. Vou acrescentá-lo à lista de livros a comprar.
Bjitos