domingo, 18 de outubro de 2009

As contradições de Saramago?

Eu cá não sou de intrigas, mas havia mesmo necessidade?


Saramago, cujo estatuto (e, claro está, prémio Nobel) lhe permite [quase] tudo, considera que a sua interpretação da história de Caim e Abel (incluindo-se neste lote os leitores que subscrevem essa religião) não causará mossa na Igreja Católica. Justificação? Porque os católicos não lêem a Bíblia... Até aqui até percebo o argumento, embora não seja por se ler a Bíblia de uma ponta à outra que se é "mais católico" (em todos os sentidos).

Repito, não sou de intrigas, mas acrescentar que "a Bíblia é um manual de maus costumes" e que tem subjacente a imagem de um Deus cruel, invejoso e insuportável parece-me bastante ofensivo para essa Igreja Católica que (supostamente) não iria ficar incomodada.

Cada um acredita (ou não) no que quer e tem fé no que bem lhe aprouver. Que fique bem claro que não me mostro pessoalmente incomodada com as afirmações de Saramago. Acho é que não havia necessidade. Quer Saramago queira ou não, a Europa onde nasceu e que lhe deu oportunidade para dizer tudo o que lhe passa pela cabeça tem um estrato civilizacional profundamente cristão. Quanto a isso não há nada a fazer. O cristianismo (e todas as Igrejas que se foram instituído ao longo de séculos (sendo, claro está, a Católica a mais proeminente) deixou marcas profundas que ainda hoje subsistem - rituais, pensamentos mágicos, feriados, festas populares e muita História, quer se goste dela ou não. 
Não é por ser católica ou deixar de ser que me insurgi contra as afirmações de Saramago. Até concordo quando afirma que "Deus só existe na nossa cabeça". Só me confunde a guerra que compra contra a Igreja, quando, mais uma vez repito, não havia necessidade; ofende a quem sentir que tem razões para isso e perde os leitores mais crentes que até se podiam ter deixado iludir pela alusão a Caim no título do seu livro.

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