E eis que José Rodrigues dos Santos continua em destaque neste blog... não se trata de um "ódio" de estimação, antes pelo contrário, já aqui disse que li dois romances do jornalista/escritor. O problema é que não consigo ficar indiferente a certos e determinados "fenómenos" - mesmo correndo o risco de parecer uma pseudo-intelectual intolerante.
Depois de ter sido anunciado que um ex-operacional da Al Qaeda (uma organização pouco simpática) iria estar presente no lançamento de Fúria Divina, o tema já se adivinhava... Não pensei que a conspiração fosse tão longe e que abarcasse a questão da Reconquista, mas assim é: o que está em causa no livro é a ambição islâmica de recuperar o Al-Andalus (o resto da notícia pode ser confirmada no DN). O tema é sedutor, nomeadamente numa época em que se construiu a narrativa de que o maior inimigo do Ocidente é o Islão. No entanto, disparatado e surreal, nomeadamente porque, tal como Robert Langdon (o herói solitário de Dan Brown), é um historiador português que, contra tudo e contra todos, salva um país (neste caso uma península) da catástrofe - aliás, porque é muito verosímil a materialização da conquista territorial de um país europeu no século XXI (deve ter sido por isso que comprámos submarinos...).
Posto isto, cada vez me parece mais que José Rodrigues dos Santos escreve para vender (o que no mundo em que vivemos nem é propriamente um defeito e a indústria livreira, bem sei, já luta o bastante para sobreviver) e as mega operações de marketing que rodeiam cada lançamento acabam por encobrir aquilo que já considerei ser uma grande falta de consistência literária.
Posto isto, cada vez me parece mais que José Rodrigues dos Santos escreve para vender (o que no mundo em que vivemos nem é propriamente um defeito e a indústria livreira, bem sei, já luta o bastante para sobreviver) e as mega operações de marketing que rodeiam cada lançamento acabam por encobrir aquilo que já considerei ser uma grande falta de consistência literária.
Talvez esteja a ser hiper crítica, mas deixei de ler Rodrigues dos Santos pela mesma razão que deixei de ler Dan Brown: muito «fogo de vista», muita acção e pouca profundidade. O nosso campeão de vendas, pelo menos, estimula o mercado, pois, perdoem-me, duvido de que todas as pessoas que adquirem os livros os acabem por ler até ao fim - aliás, estou convicta (e estarei até prova em contrário) de que muitos portugueses compram livros para embelezar as estantes; de outra maneira não se explica que o The Lost Symbol esteja no top dos livros mais vendidos há semanas num país em que já se lê pouco em português, quanto mais em inglês!
Já alguém dizia, a propósito do sucesso dos livros de Margarida Rebelo Pinto, que o que realmente interessa é que as pessoas leiam e não o que é que lêem. Será?
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