quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Richard Zimler reage aos comentários de José Saramago


A polémica em torno das declarações de José Saramago a propósito do novo livro Caim ganhou uma dimensão que nem o próprio esperava.
A propósito deste tema, vale a pena ler a opinião de Richard Zimler, que me pareceu ser uma análise lúcida acerca de um assunto que se tornou um autêntico absurdo, ou, nas palavras do próprio, uma tola controvérsia. 




O artigo, intitulado "Saramago e a insustentável leveza da ignorância" (uma alusão muito feliz, devo acrescentar, à conhecida obra de Kundera), e está disponível no Ípsilon. Aqui ficam algumas das passagens que considerei mais pertinentes:

"Considerei que no fundo não valia a pena dar importância aos comentários de Saramago, pela ingenuidade e infantilidade da interpretação literal que ele (juntamente com os fundamentalistas religiosos) faz das histórias do Antigo Testamento. Uma das mais importantes lições que retirei do estudo da história das religiões e da mitologia é que as narrativas mitológicas são - na sua maior parte - poesia e não prosa. A história de Adão e Eva é poesia. Ou será que haverá alguém que acredite que Eva foi feita de uma costela de Adão?"
"As palavras de Saramago pareceram-me ainda como o "much ado about nothing", o muito barulho para nada, com que soa qualquer coisa que nem remotamente é novidade. Há cerca de dois mil anos que os filósofos judeus vêm debatendo a brutalidade de Deus e da humanidade no Antigo Testamento, em tons bastante mais emocionados do que os usados no debate em causa."
"Custa-me compreender como é que alguém, ainda que vagamente familiarizado com a filosofia e a literatura ocidentais, pode acreditar que erguer-se em 2009 contra a crueldade contida no Antigo Testamento tem alguma coisa de novo ou de chocante. Ou sequer interessante."

1 comentário:

Haddammann Verão disse...

Depois que Haddammann Veron Sinn-Klyss ensaiou que talvez pudesse haver um algo que prestasse nas crenças se fossem vistas, pelo menos, como poesias isso embalou um monte de ranço viciado a pegar esse bonde pra euforia da miserável estupidez dos "espertos". Hoje, depois de insana perseguição e quase indescritível rol de tantas covardias engendradas por escravizados por crenças e seus mandantes, "aquele homem" não titubeia em declarar sem reserva nenhuma: Crença (qualquer uma) é um monte de excremento infestado de vermes que parasitas "espertos" espalham e sujando nosso caminho e que acabam com quase toda a nossa vida.