segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Medida do Mundo

Autor: Daniel Kehlmann
Título original: 
Die Vermessung der Welt

Editora: Editorial Presença
Páginas: 224
ISBN:
9789722337151
 
Tradução: Maria das Mercês Peixoto

Sinopse: Este romance é como que uma magnífica fábula do Século das Luzes, ao retratar as personalidades de dois gigantes do Iluminismo alemão: Alexander von Humboldt e Carl Friedrich Gauss. A narração começa quando os dois eminentes sábios se encontram em Berlim, no ano de 1828. Humboldt, aristocrata e asceta, fanático da medida, torna-se um dos fundadores da moderna geografia graças às suas incansáveis explorações pelo mundo, enquanto Gauss, o Príncipe das Matemáticas, prefere ficar sentado à secretária fazendo cálculos, exilado de um futuro a que sente pertencer. Apesar das diferenças que os separam, têm em comum o anseio de compreender o mundo através de fórmulas verificáveis pela Razão. A Medida do Mundo manteve-se durante cerca de um ano à cabeça das tabelas de vendas na Alemanha e foi traduzido em 34 países. Daniel Kehlmann é considerado um renovador da literatura de ficção em língua alemã.

Opinião: Este foi um livro que li durante o Verão e não queria deixar de o recomendar. Numa obra de dimensão tão razoável, Daniel Kehlmann conseguiu atingir vários objectivos:
  • Retratar a crença no progresso, que marcou amplamente o século XIX. Subjacente a toda a narrativa está a importância que teve a ascensão das Ciências Exactas enquanto via para a compreensão de todos os fenómenos da terra e do homem;
  • Biografar as vidas de duas figuras incontornáveis para a História da Ciência, Alexander von Humboldt and Carl Gauss, dois «gigantes» da ciência alemã do século XIX;
  • Acentuar as diferenças entre duas posturas (ditas) científicas: atingir o conhecimento através da experiência ou através do cálculo e das fórmulas matemáticas. 
O mais interessante neste romance é precisamente o contraste estabelecido entre Humboldt  e Gauss, que «mediram o mundo» de formas totalmente opostas. O primeiro mediu literalmente tudo o que era passível de ser medido através das suas viagens de exploração na América do Sul. Pelo contrário, Gauss nunca se afastou muito de casa e a maior parte do seu trabalho foi desenvolvido entre quatro paredes. Estas circunstâncias repercutem-se em pontos de vista muito diferentes, embora ambos procurem cumprir o mesmo objectivo: definir com a maior exactidão possível o conhecimento acerca dos aspectos físicos que regem a vida dos homens.

Humboldt protagonizou uma das expedições científicas mais publicitadas na época. É, portanto, compreensível que Kehlmann tenha optado por dar mais visibilidade a essa circunstância. Assim, em parte, este é um livro de viagens e aventuras, com todos os condicionantes e todas as peculiaridades que o século XIX lhes conferia.
É absolutamente fantástico e uma leitura recomendável a todos os níveis.
Classificação: Excelente (9/10)

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