Autor: Frederik Pohl
Título original: Jem: The Making of a Utopia
Editora: Gradiva
Páginas: 315
Tradução: Maria de Lurdes Medeiros
Sinopse: A pouco mais de um século no futuro, o mapa geopolítico do mundo foi redesenhado segundo condicionalismos económicos já por nós conhecidos. Existe o bloco alimentar (Os Banhas: América, Rússia), o bloco petrolífero (Os Oleosos: Inglaterra, países árabes) e o Terceiro Mundo superpovoado (Os Ácocas: China, Paquistão). Agora, mais do que nunca, a pax atómica reina, e os blocos vivem no equilíbrio do terror sobre uma Terra esgotada. E eis que surge Jem, um planeta recém descoberto, onde é possível a vida humana. Um planeta infelizmente já habitado, pois nele vivem três espécies - uma aérea, uma terrestre e outra subterrânea. Espécies que se devoram umas às outras, no mais perfeito equilíbrio social e ecológico. Equilíbrio que só dura até aos humanos chegarem.
Opinião: Este livro é 1979. Quer isto dizer alguma coisa? Certamente. Pohl criou um visão do que seria um futuro, não muito distante da data referida, onde os paradigmas da nossa «antiga» Guerra-Fria se encontram patentes, contudo, com algumas modificações, na medida em que a Rússia é aliada dos E.U.A e a Inglaterra inimiga deste último. Porquê? Por causa de algo que percorre o imaginário humano (e, diga-se, a realidade) há muito tempo: os recursos naturais. Numa Terra onde existem três blocos distintos, como a sinopse expõe, há uma constante batalha diplomática - até certa altura nunca militar, pois o potencial nuclear de cada um aniquilaria o outro - pela obtenção de mais faixas de terras internacionais para a obtenção de recursos. Equilíbrio precário que se mantém até à altura em que eles começam realmente a escassear.
Todavia, o Homem já tem a capacidade de fazer viagens espaciais de longa duração e a investigação espacial já caminhou tanto que já existe a hipótese de colonizar planetas. É assim que descobrem Jem (abreviatura de Geminorum), onde existem recursos ainda por explorar. Podíamos pensar: "Bem, assim sendo, eles juntam-se todos num esforço internacional conjunto e bora lá!". Errado!
Opinião: Este livro é 1979. Quer isto dizer alguma coisa? Certamente. Pohl criou um visão do que seria um futuro, não muito distante da data referida, onde os paradigmas da nossa «antiga» Guerra-Fria se encontram patentes, contudo, com algumas modificações, na medida em que a Rússia é aliada dos E.U.A e a Inglaterra inimiga deste último. Porquê? Por causa de algo que percorre o imaginário humano (e, diga-se, a realidade) há muito tempo: os recursos naturais. Numa Terra onde existem três blocos distintos, como a sinopse expõe, há uma constante batalha diplomática - até certa altura nunca militar, pois o potencial nuclear de cada um aniquilaria o outro - pela obtenção de mais faixas de terras internacionais para a obtenção de recursos. Equilíbrio precário que se mantém até à altura em que eles começam realmente a escassear.
Todavia, o Homem já tem a capacidade de fazer viagens espaciais de longa duração e a investigação espacial já caminhou tanto que já existe a hipótese de colonizar planetas. É assim que descobrem Jem (abreviatura de Geminorum), onde existem recursos ainda por explorar. Podíamos pensar: "Bem, assim sendo, eles juntam-se todos num esforço internacional conjunto e bora lá!". Errado!
A ideia era fazer de Jem uma sociedade bem mais organizada do que a existe na Terra, onde pudesse haver uma gestão integrada dos recursos, basicamente começar de novo. No entanto, cada bloco tem as suas ideias, cada um quer chegar lá o mais depressa possível, cada um quer o seu pedaço; melhor dizendo, quer o planeta todo só para si.
As primeiras expedições a serem enviadas são de cientistas. Cada bloco «fica» com uma espécie diferente e usam-nas para os mais diversos propósitos. Inicialmente combatendo contra elas, acabam por subjugá-las.
O resto, perdoem-me, mas terão realmente de ler, pois só assim tem piada ver os jogos diplomáticos terrestres e os seus intervenientes, os jogos de supremacia em Jem e, no final, já no último capítulo, a real construção de uma suposta Utopia.
Quando vi o Jem pela primeira vez, fiquei bastante cativado pelo sub-título, A contrução de uma Utopia. Pensei que poderia ser interessante - acho piada a estas coisas de utopias e datas posteriores à nossa - uma outra visão do futuro, misturando ficção cientifica. Lembrei-me logo de obras como o Admirável Mundo Novo ou 1984 (que recomendo vivamente, especialmente o segundo). Bem, em comparação, Jem é mais pobre. É uma obra cruel? Sim, sem dúvida. Irónica? Q.B. Amarga? O bastante. Inesquecível? Dou esta resposta daqui a 20 anos... No entanto, deve-se dar mérito a esta obra, na medida em que nos põe a pensar que, mesmo com as melhores intenções, os condicionalismos políticos, ideológicos, etc, fazem-se sentir sempre, tendo como consequeência, em Jem, o transporte da Guerra para um novo sitio, onde sempre tinha havido equilíbrio. Será que não nos livramos deste mal?!
As primeiras expedições a serem enviadas são de cientistas. Cada bloco «fica» com uma espécie diferente e usam-nas para os mais diversos propósitos. Inicialmente combatendo contra elas, acabam por subjugá-las.
O resto, perdoem-me, mas terão realmente de ler, pois só assim tem piada ver os jogos diplomáticos terrestres e os seus intervenientes, os jogos de supremacia em Jem e, no final, já no último capítulo, a real construção de uma suposta Utopia.
Quando vi o Jem pela primeira vez, fiquei bastante cativado pelo sub-título, A contrução de uma Utopia. Pensei que poderia ser interessante - acho piada a estas coisas de utopias e datas posteriores à nossa - uma outra visão do futuro, misturando ficção cientifica. Lembrei-me logo de obras como o Admirável Mundo Novo ou 1984 (que recomendo vivamente, especialmente o segundo). Bem, em comparação, Jem é mais pobre. É uma obra cruel? Sim, sem dúvida. Irónica? Q.B. Amarga? O bastante. Inesquecível? Dou esta resposta daqui a 20 anos... No entanto, deve-se dar mérito a esta obra, na medida em que nos põe a pensar que, mesmo com as melhores intenções, os condicionalismos políticos, ideológicos, etc, fazem-se sentir sempre, tendo como consequeência, em Jem, o transporte da Guerra para um novo sitio, onde sempre tinha havido equilíbrio. Será que não nos livramos deste mal?!
Classificação: 6/10
2 comentários:
Amiga, obrigado pela passagem pelo "meu" espaço. Deixaste-me boquiaberta porque ultimamente tem sido difícil encontrar alguém que entenda um pouco daquilo que sinto. Partilho da tua paixão pelos livros e vou visitar mais vezes o teu espaço. Espero que continues a voltar e a comunicar porque não "roubas" qualquer espaço. Vamos tentando ser felizes enquanto por aqui andamos, na esperança de um amanhã melhor:)
Cara india, eu não sou a Joana =P
Na realidade, é a Joana que tem alimentado este blogue, sendo que eu, esporadicamente, dou um pequeno contributo =P
Mas pronto, tudo isto para dizer que eu não sou a Joana, ehehehe
bj
Enviar um comentário